Chiumbo, uma comuna do Huambo que desponta para o desenvolvimento

Texto e fotos: Sousa Jamba 

Chiumbo é uma das comunas do município do Katchiungo, que fica a 100 quilómetros a Leste da cidade do Huambo, onde está localizada a aldeia Camela Amões, provavelmente, a mais moderna e mediática do país.

Foi a partir de 2014 que esta aldeia, berço da família Amões, empresários de sucesso, conheceu uma transformação notável. O que antes era uma aldeia típica do Planalto Central é hoje uma localidade que alimenta muitas esperanças, um microcosmo da nação angolana que atrai centenas e centenas de cidadãos que esperam, também, ver as suas vidas transformadas e melhoradas.

Os sinais de mudança são também visíveis na aldeia de Sachipanguele, a mais próxima da Camela Amões.  No passado da colonização, a primeira localidade viu amputado o seu crescimento económico e social, visto que muitos dos seus habitantes viram-se forçados a trabalhar em fazendas do Norte de Angola, nas minas na África do Sul ou de outros países vizinhos. Depois, seguiu-se a longa e extenuante guerra civil que durou quase três décadas.

Hoje, a aldeia de Sachipanguele vive outra realidade graças ao desenvolvimento da Projecto Camela Amões, que apostou na construção de estradas e pontes.

Devido à melhoria das vias de acesso, camiões provenientes de várias partes de Angola têm ido à procura de produtos na Aldeia de Sachipanguele. A revitalização na Aldeia resultou na descoberta de práticas de irrigação antigas e até mesmo no cultivo de produtos que, no passado, renderam muito como café.

O mesmo pode se dizer de Manico, uma das maiores aldeias da comuna da comuna do Chiumbo.  Nos anos de 1940/50, esta aldeia era uma das maiores produtoras de café, mas devido à guerra e outros factores endógenos e exógenos, a produção baixou consideravelmente.

 Hoje, a prática do cultivo do cultivo do café está em fase de recuperação e há fortes esperanças de que a aldeia venha a ocupar um lugar de destaque na economia local.

Como não só de pão e água vive o homem, na aldeia Camela Amões está em curso a construção de estruturas religiosas para a satisfação das necessidades espirituais e culturais. Daí que houve a iniciativa de construir algumas igrejas. As obras da igreja Católica estão quase completadas, e já há pessoas que vêm do Huambo só para ver o edifício. A igreja da IECA, depois de concluída, poderá ser uma das maiores e lindas do país.

O desenvolvimento na Aldeia Camela Amões resultou no aumento de várias espécies de turismo rural.   Figuras com experiência notável no sector de hotelaria e turismo estão a dar formação e sensibilizar vários aldeões. A ideia é criar operadores locais capazes de lidar com clientes vindos de qualquer parte do mundo.

Na aldeia de Cheleka, por exemplo, os aldeões passaram a ter muito interesse nas quedas sobre o rio Cassema. A localidade, que até há pouco tempo era praticamente inacessível, hoje espera receber turistas e o soba João  Chinguelessi está a mobilizar o povo da aldeia para a conservação do meio ambiente.

Além das estradas, a colocação de uma antena da UNITEL por iniciativa do empresário Segunda Amões foi muita bem acolhida pelos habitantes locais.

À conversa com alguns aldeões que vivem à volta da aldeia Camela Amões, estes reconhecem que as comunicações telefónicas vieram dar um certo impulso ao desenvolvimento da comuna, encurtando a distância entre elas.

Aposta na piscicultura e agricultura biológica

O Projecto aldeia Camela Amões é, provavelmente, uma das iniciativas de piscicultura mais avançadas na província do Huambo. Os imensos recursos hídricos da região fizeram com que Segunda Amões incentivasse os aldeões à prática da criação de peixes.

O objectivo, segundo o empresário, visa a satisfação, numa primeira fase, das necessidades locais em peixe e, depois, os excedentes serem comercializados no resto do país.

 No plano agrícola, hoje em vários pontos na Estrada E250 é possível avistar os aldeões que procedem à venda dos seus produtos produzidos no campo.

No passado,   uma das grandes falhas que havia na comuna era a fraca produtividade agrícola. O projecto passou, então, a convidar peritos para ajudar os aldeões aumentar a produtividade.

Na comuna do Chiumbo, a aposta na agricultura natural levou ao desencorajamento do uso de adubos químicos, estando em execução um projecto que visa facilitar o uso de estrume orgânico.

“ Está em construção um enorme mercado na aldeia que vai facilitar a venda de produtos agrícolas provenientes de várias aldeias”, diz, com orgulho, um aldeão.

Na aldeia Camela Amões existe, também, um programa de sensibilização ambiental dos habitantes com vista a protecção do ambiente. Práticas como as queimadas das florestas, o uso imprudente das mesmas para a produção do carvão, assim como a caça de animais selvagens em vias de extinção  estão a ser desencorajadas e, no seu lugar, começaram a surgir iniciativas que estão a tirar famílias da penúria.

Não passa despercebido aos olhos dos visitantes que chegam à aldeia Camela Amões alguns progressos que têm sido feitos em matéria de assistência médico-sanitária.

O centro médico da Aldeia Camela Amões já é uma referência na província. Num passado recente, este centro trazia médicos do exterior do país para prestar serviços às várias comunidades locais.

No âmbito da luta contra o COVID-19, o centro tem sido importante na organização de palestras e na coordenação de grupos que vão promovendo boas práticas de biossegurança.